Por Miguel Arcanjo Prado
Enviado especial do R7 a Santos*
Por mais que o mundo esteja imerso nas revoluções tecnológicas e as
novas relações por elas impostas, o ser humano ainda é capaz de se
surpreender e se deixar cativar por uma boa história bem contada.
É o acontece com o espectador do espetáculo infantil
O Fio Mágico, da Companhia Mão Molenga Teatro de Bonecos, de Recife, Pernambuco.
Após fazer elogiada participação no Festival Palco Giratório, o grupo
foi convidado a integrar a programação do Festival Ibero-Americano de
Artes Cênicas de Santos, o Mirada, evento do Sesc São Paulo que chega ao
fim neste sábado (15), após 11 dias de muito teatro na cidade
portuária.
Os três atores do elenco, Fabio Caio, Fátima Caio e Marcondes Lima,
que também dirige a montagem, surgem ainda despidos do figurino no
começo da peça.
Ao colocarem as roupas que os transformam em velhas, com ajuda de
máscaras, eles estabelecem um pacto de fantasia com o público. Com seus
bonecos e inventivo e simples cenário (uma mesa que serve de palco aos
bonecos e uma cortina atrás), eles contam a história de Gerard, um
menino do interior da França que deseja ver o tempo passar depressa para
resolver os problemas que surgem em sua vida.
Aliás, inteligente, o texto de Carla Denise é um verdadeiro achado.
Simples e instigante. Cheia de reviravoltas, que são valorizadas pela
direção, a dramaturgia cativa do menor ao mais velho na plateia
congregando todos os elementos que uma boa história deve ter. Há amor,
dor, vida, morte, sonhos e decepções.
No palco, o trio de atores respira sintonia e unidade pouco vistas.
Todos estão juntos na função de contar a história da melhor forma
possível. O público sente. E é por isso que conquistam vigoroso aplauso
quando o conto termina, com crianças e adultos com olhos brilhantes e
uma grande lição aprendida.
A vida urbana e frenética coloca as pessoas muitas vezes com o olhar
voltado ao futuro. Assim, deixam o presente de lado, mergulhadas na
insatisfação. O que
O Fio Mágico transmite é algo muito
simples, mas muitas vezes esquecido: a vida passa rápido e, por isso,
deve ser aproveitada a cada minuto do presente. Porque a felicidade só é
possível a partir da simplicidade.
*O jornalista Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Sesc São Paulo.